Toda a gente carrega uma cruz, mas só Quaresma carrega um Lacroix. Ora, como alguém disse uma vez, a inveja é o tributo que a mediocridade paga ao génio. Foi preciso esperar pela segunda volta do campeonato para ver o primeiro jogador do FC Porto ser expulso por um zeloso árbitro auxiliar que, por sinal, tem feito carreira a expulsar o extremo portista. E todos sabemos quem é o génio nesta equação. Acontece que o génio vai ficar afastado dos relvados e cabe agora à Comissão Disciplinar da Liga decidir por quanto tempo. Se estivéssemos no tempo da velha senhora - sem ofensa para o honorável Gomes da Silva - Quaresma havia de ficar na bancada uns três ou quatro jogos pela bárbara agressão com que mutilou Tixier, o mesmo Tixier que lhe partiu os queixos na primeira volta do campeonato sem ser admoestado com o pertinente vermelho e sem ser alvo de qualquer processo sumaríssimo. Como algumas coisas mudaram, há esperanças para o extremo portista. Aliás, atendendo ao que têm sido as decisões da actual CD, há mais do que esperanças. Com apenas dois cartões amarelos vistos em toda a primeira volta, Quaresma está longe de ser reincidente e o facto de ser massacrado pelos defesas adversários ao ponto de ficar com os queixos partidos sem merecer qualquer protecção por parte das equipas de arbitragem é apenas uma das atenuantes a seu favor. De resto, há quem já tenha visto mais do que um vermelho directo e mesmo assim tenha merecido um tratamento benevolente da mesma CD.
Apitos
Comer e calar
Ontem apercebi-me de um dos muitos efeitos secundários do processo Apito Dourado, para além do evidente condicionamento do trabalho das equipas de arbitragens nos jogos com os portistas. De acordo com alguns colunistas, o FC Porto não se pode queixar das arbitragens. Não alegam que não tenha razões de queixa, alegam que não se pode queixar. Tem que comer e calar. Apesar de nenhum dirigente portista ainda ter sido considerado culpado de coisa nenhuma, o FC Porto já não tem direito a reclamar justiça. E os julgamentos ainda não começaram...
JORGE MAIA (O Jogo)
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