Benfica 2008-2009

Com este post inauguro uma série onde farei uma reflexão sobre a época que terminará daqui a duas jornadas mas que, independentemente do 3 ou 4 lugar, já me deu dados suficientes para fazer a análise global.
Esta análise incidirá sobre os seguintes pontos: a equipa, o treinador, a Liga.

A EQUIPA
BALIZA: Quim, Moreira, Moretto
Nenhum dos guarda-redes do Benfica é excepcional. Nenhum deles é daqueles que garante 6 a 10 pontos por época com defesas excepcionais. No entanto, não vejo a jogar no nosso campeonato nenhum guarda-redes desse nível, pelo que me parece que, no actual contexto de crise económica, o reforço da baliza não deve ser prioridade.

Quim - deve ser o titular, sendo esse estatuto reforçado e claramente afirmado pelo treinador, de forma a dar-lhe suporte e confiança.

Moreira - será o eterno suplente. É formado nas camadas jovens do clube mas não tem a personalidade necessária para ser um dos transmissores da mística. Nas Taças deve mostrar que é opção.

Moretto - deve sair. O terceiro guarda-redes deve ser dos juniores.

DEFESA: Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, David Luiz, Miguel Victor, Jorge Ribeiro.
Um sector repleto de talento no centro e órfão nas alas. Com uma média de idades baixíssima e sem um único defesa-esquerdo de raiz, foi a defesa menos batida da Europa até Dezembro. Depois, foi o descalabro.

Maxi - foi a surpresa. Não é um predestinado, não tem características físicas ímpares, mas procura compensar as limitações com o seu estilo raçudo. Foi o melhor elemento da defensiva encarnada durante toda a época (o que não quer dizer que tenha sido fantástico), mas foi bastante regular a defender, afoito a atacar, segurando o lado direito.

Luisão – O patrão da defesa encarnada. A equipa sentiu muito a sua falta quando não contou com a voz de comando do brasileiro (os números dizem que a equipa sofreu 0.84 golos por jogo com ele em campo e 1,22 sem Luisão), especialmente por se tratar de um grupo de jogadores tão jovens. Está no clube há vários anos e, na minha opinião, deveria ser o capitão dos encarnados.

Sidnei – Não sabe jogar bem. Ou é brilhante, ou é medonho. Nota-se uma assustadora falta de concentração que o impedirá (se não mudar) de atingir altos voos. Alheado de muitos lances, desleixado, é contudo um jogador com um enorme potencial. Rápido para um atleta com o seu físico, bom jogo aéreo, grande sentido posicional e excelente tempo de entrada aos lances.

Miguel Victor – Sempre vi no ex-capitão dos juniores o futuro do eixo da defensiva do Benfica. Ainda tem muito que crescer, mas tem sido seguro e revelou-se mais maduro do que esperava. É por ele, e outros como ele, que a mística encarnada pode voltar ao balneário.

David Luiz – Gosto muito deste miúdo. Muito aguerrido, jogou toda a época encostado à esquerda em missão de sacrifício e foi muitas vezes dos melhores. Se continuar a evoluir, pode ser um dos futuros centrais da canarinha.

Jorge Ribeiro – Foi, à partida, uma má contratação. Rui Costa deveria saber que seria sempre um mal-amado pelos adeptos (que não esquecem o jogo com o Varzim...) e nunca mostrou predicados para ser titular absoluto na esquerda. Como médio nunca foi opção.

MEIO-CAMPO: Yebda, Rúben Amorim, Carlos Martins, Katsouranis, Balboa, Binya, Fellype Bastos, Aimar, Reyes, Urreta, Di Maria.
O meio campo foi um problema durante toda a época, mesmo quando o Benfica ganhava. Quique nunca teve jogadores para o esquema que queria implementar e estes jogadores pediram sempre outro esquema.

Yebda – Começou a época como a grande surpresa do meio campo benfiquista. Um trinco que gosta de subir no terreno, bom de cabeça, que não tem medo de ter a bola nos pés. Com o avançar da época foi perdendo fulgor. Veio a custo zero e não foi uma má contratação. Contudo, se as propostas referidas na imprensa tiverem fundo de verdade, deveria ser um dos atletas vendidos.

Rúben Amorim – Não o conhecia e fiquei muito satisfeito com o jogador. Formado nas camadas jovens do clube, veio a custo zero do Belenenses e tornou-se peça chave no xadrez de Quique. À direita ou no centro do terreno, foi sempre um dos intocáveis da equipa. Se na direita cumpre, no centro mostrou predicados para fazer a transição entre sectores. Faz-me lembrar o Raul Meireles quando chegou ao Porto, mas mais evoluído tecnicamente ainda que menos raçudo nas tarefas defensivas. Para mim é indispensável no planeamento da próxima época.

Carlos Martins – Infelizmente, o que aqui escrevi sobre este atleta quando foi anunciada a sua contratação confirmou-se em absoluto. Um ano de campeonato espanhol não o tornou mais consistente e nunca será nele que a equipa se poderá apoiar.

Katsouranis – Sempre lhe reconheci talento mas nunca fui fã. Este ano ficou contrariado e foi sempre um a menos na equipa. Se vierem os 3 milhões, adeus.

Balboa – Aposta pessoal de Quique, só na partida frente ao Trofense mostrou alguma qualidade. Nunca convenceu os adeptos (eu próprio sempre disse que era um novo Manú) e jogou sempre sobre brasas, sempre com medo de falhar. Com as devidas diferenças, faz-me lembrar o caso do Quaresma no Inter: não soube lidar com a pressão. Tendo em conta o valor pago (4 milhões), deverá ficar para tentar mostrar qualidade.

Binya – Esforçado mas limitado. Raramente foi opção e a sua continuidade dependerá da maior ou menor aposta na formação. Para jogar 5 jogos por época, prefiro Romeu Ribeiro.

Fellype Bastos – Ainda em idade júnior, precisa de rodar. A emprestar.

Aimar – Depois de duas épocas marcadas por lesões, chegou para comandar o meio-campo. Quique nunca lhe deu esse papel. Jogou como avançado, como médio ala, nunca como dez. Reagi com desconfiança à sua contratação mas actualmente estou convencido. Fisicamente recuperado, espero que na próxima época lhe entreguem o lugar de dez dentro do campo e não apenas na camisola.

Reyes – É um grande jogador, que não tem medo de arriscar e que adora ter a bola. É um pouco inconstante mas é daqueles que fazem falta a qualquer plantel, pois a equipa confia no espanhol para resolver. Se quando Rodriguez saiu para o Porto fiquei despreocupado, se este for para lá vai custar.

Urreta – Jovem, talentoso, não teve oportunidades. O seu caso deve ser bem ponderado. Se for para jogar, que fique. Se não, que seja emprestado, sob pena de estagnar.

Di Maria – Tem tanto de talentoso como de inconsequente. A este falta-lhe um “Co Adrianse” para o ensinar a jogar.

ATAQUE: Suazo, Cardozo, Nuno Gomes, Mantorras.
O espelho do Benfica de Quique. Suazo prometeu mas não cumpriu, Cardozo não foi opção, mesmo sendo durante toda a época o melhor marcador encarnado.

Suazo – Um prodígo em termos físicos, com uma impressionante capacidade de arranque, nunca esteve com a cabeça na Luz a cem por cento. Acabou por não cumprir com o que dele se esperava (eu não, porque não o conhecia, mas o Silva dizia que era grande).

Cardozo – Para mim, é depois de Liédson o melhor avançado do campeonato nacional. Tirando o forte remate (que este ano nem usou! Mas porque é que o Quique não o deixa marcar livres?), não há grandes valias a apontar, mas o que é certo é que está lá para fazer o golo, assim apostem nele. Quique nunca apreciou o estilo desengonçado do paraguaio e passou grande parte da época no banco ou a entrar a 10 minutos do fim. Se somarmos o tempo de utilização, temos 20 jogos-15 golos, uma média brutal para uma equipa em convulsão como o Benfica.

Nuno Gomes – marcou tantos golos como Lisandro mas falhou quando não podia. Aliás, como faz quase sempre. Nunca fui fã de Nuno Gomes (nem quando marcava aos 20 por época) e não o vejo como o capitão, quer por falta de carisma, quer pela relação aziaga que tem com os adeptos.

Mantorras – Decidam-se. Ou fica e é opção, ou tem de ser emprestado para serem tiradas as dúvidas. A condição actual é que é inaceitável.
2009-2010


Depois de analisado o plantel encarnado, parece-me que havia soluções para se ter conseguido mais do que Quique conseguiu (mesmo sem um lateral esquerdo de raiz), quer em termos de resultados quer em termos exibicionais. Acima de tudo, nunca houve, nem mesmo quando ganhávamos e estávamos em primeiro lugar, uma verdadeira equipa, apenas um conjunto de jogadores que, mercê da sua qualidade, disfarçavam as carências colectivas.

Sem conhecer o orçamento para a próxima época, parece-me que a saída de alguns dos activos é indispensável. Havendo propostas, que saiam Yebda, Katsouranis e, em caso de necessidade absoluta, Luisão ou Di Maria.

Reforço da Equipa:
GR: Só a custo zero.
Defesa-Esquerdo: Sepsi, Rúben Lima. (sem custos para o clube. Como Sepsi não parece querer voltar, será preciso contratar).
Defesa-Direito: Patric.
Defesa-Central: Mesmo que Luisão saia, não me parece necessário reforçar. David Luiz, Sidney, Miguel Victor e a 4ª opção fica para preencher com um elemento da equipa júnior (Roderick).
Médio-Defensivo: Confimardo-se as saídas de Binya e Bastos, penso que haverá lugar à entrada de Romeu Ribeiro e Leandro Pimenta.
Médio-Ofensivo: Só a custo zero.
Médio-Ala: Um médio direito de qualidade é indispensável e a continuidade de Reyes era uma bela prenda.
Avançados: Cardozo precisa de companhia. Mas alguém que venha para jogar com ele, e não em vez dele.

Pelas minhas sugestões, depressa se percebe que proponho apenas reajustamentos ao plantel. Sou mais um dos que apostam na continuidade e que se opõem a revoluções na equipa, ainda que defenda um novo comando técnico.

4 comentários:

Anónimo disse...

Somos campeões! aliás... TETRA campeões!

trica disse...

e o que tem a haver isso com este post? ao menos tem a inteligência de postar isso em posts sobre o porto. mas que saloio

Anónimo disse...

Depois deste post, tão detalhado sobre as deficiências e as pouquissimas qualidades do plantel das aguias depenadas, acho que qq associação da conquista do tetra às arbitragens é completamente ridicula.

Obrigado Sr Calantrão pelo post que só vem provar que o problema do benfica mora realmente na luz.

Calantrao disse...

Calma senhor anónimo, calma... Estes portistas andam sempre preocupados com a associação das suas conquistas às arbitragens... Qualquer dia até parece que o vosso clube foi condenado na justiça desportiva por corrupção e decidiu não recorrer!