Os Donos da Bola (parte II)

Antes de avançar para a crónica da vida do segundo Dono da Bola, devo fazer um agradecimento prévio a alguém que tornou possível o avançar da investigação, a nossa informadora, alguém que convive de perto com o dito indivíduo. Naturalmente, a dita informadora pediu anonimato, pelo que me vou referir a ela como M. Moreira, ou melhor, Mariana M. para que a sua identificação seja impossível.
Feito o agradecimento prévio, passemos então à história do segundo Dono da Bola, Sérgio “Chamem o INEM” Portelada.

Nascido na bela cidade de Bordéus, “Sergiô” como era chamado pelos franceses nasceu para brilhar nos relvados, para jogar o “Fut” como diziam por lá. Em criança, combinava a técnica lusa do pé esquerdo de Chalana com a magia gaulesa do pé destro de Platini, em rápidos e elegantes movimentos que enchiam o campo à velocidade de uma mobilete. Mas tudo isso se perdeu… num momento tão marcante quanto dramático…
Corria o anos de mil novecentos e qualquer coisa quando o adolescente “Sergiô” jogava nas camadas jovens do grandioso Bordeaux, tentando imitar os passos de um jovem careca que despontava na equipa principal: Zidane.
Sergiô era um jogador diferente (com mais cabelo, em especial no buço onde despontavam sete pueris pelos que ostentava com orgulho), mais táctico mas assumia-se cada vez mais como o patrão do meio campo defensivo dos juvenis. Havia até quem lhe chamasse o “Marcel Desailly” branco, mas o jovem não gostava de comparações com jogadores de menor estirpe.
Até que, num tenebroso dia, chegou à pitoresca cidade um nome que jamais será esquecido: Toni. Para treinar a equipa principal, de bigode em riste, Toni foi aclamado como um herói, mas destruiu tanto a equipa principal (série de maus resultados e o pior futebol que por lá se viu) como o futuro de Sergiô ao dispensar o jovem depois de o ver com uma camisola do FCP e um apito dourado ao pescoço.
Dentro dele nasceu um ódio que haveria de marcar o resto da sua vida, um ódio pelo bigode de Toni e por tudo o que ele representa, um ódio visceral pelo Benfica…
Afastado da equipa, afundou-se nas caves das vinhas de Bordéus e afogava o desgosto enquanto alimentava um asco cada vez maior pelo clube da águia, perdido nas garras de um gang perigosíssimo: Unidos ao Garrafão…
Os seus pais, preocupados, tentaram por todos os meios ao seu dispor salvar o futuro de seu rebento, e abandonaram tudo para vir para Portugal tentar salvar a vida e a carreira do jovem Portelada, mas os Unidos não mais o largaram… E a cada Queima das Fitas, atacavam em força… num movimento de destruição maciça que lhe valeu a alcunha de “Chamem o INEM” (e pagou várias viagens de finalistas aos donos das barracas da FLUP).
Foi portanto graças a Toni, aos Unidos e à Queima que Sergiô se perdeu para o mundo da bola, que deixou secar o seu talento…Até que, num belo dia, o mito renasceu.
Muito graças à participação de Mariana M. (participação literal, especialmente durante 9 meses), soubemos que a grande motivação para a recuperação de Sérgio foi o nascimento da sua menina, que ele quer ver orgulhosa de seu papá. Aquele a quem outrora chamaram de “Pilar da Defesa”, quer provar que, hoje, é mais do que um simples poste da EDP, é o candeeiro que iluminará o futebol nacional.
A sua técnica está próxima da apresentada por senhores como Buturovic ou Paulinho Santos e a sua velocidade deixaria envergonhado Dudic ou mesmo o grande King mas ele não desiste… Com esforço, vontade e alguma ajuda do INEM (botijas de oxigénio não incluídas no plano de saúde), ele apresenta-se como um futuro grande reforço. Só não sabemos de quem…

1 comentários:

Girondin disse...

Obrigado, fiquei emocionado...
Já nem me lembrava de onde tinha nascido o meu ódio pelo SLB. Reavivaste a minha memória.
Grande abraço, Sergiô